quinta-feira, 9 de abril de 2009

PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA


Mulherada, dia 07/04 foi o Dia Mundial da Saúde, e nada melhor do que cuidar da nossa, principalmente, quando o assunto é o Câncer de Mama, que atinge, ainda nos dias de hoje, mais da metade das mulheres. Um grande motivo para eleger sua maior aliada na detecção precoce desta doença: a mamografia. Reportagem Revista Cláudia - Janeiro 2009. Leiam com atenção!!! Gabriela Monteiro

VOCÊ É CAPAZ DE ACHAR UM CAROÇO NO SEU SEIO???

É hora de celebrar. Faltam menos de três meses para entrar em vigor a lei que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer mamografia anual gratuitamente a partir dos 40 anos (hoje, o exame é oferecido apenas a partir dos 50 e somente a cada dois anos). Alguns números nos fazem entender o tamanho dessa conquista. No Brasil, o câncer é a segunda maior causa de morte entre as mulheres, sendo o de mama o mais letal, com 10 mil mortes por ano. Em 2008, cerca de 50 mil novos casos foram diagnosticados, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O famosos autoexame, que 82% das brasileiras consideram o método mais eficaz para detectar o câncer de mama no estágio inicial da doença, segundo uma pesquisa realizada no ano passado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), tem como resultado uma percepção distorcida. Na verdade, o caminho mais seguro para detectar lesões precocemente é a mamografia, uma radiografia capaz de encontrar tumores com poucos milímetros.

Apesar da confiança excessiva no autoexame, sabe-se que boa parte das brasileiras nem se apalpa adequadamente, "tocando piano" nos seios com a ponta dos dedos em vez de executar os movimentos firmes indicados pelos especialistas. A mama pode possuir irregularidades típicas de uma mama densa, causada por uma textura de glândulas reproduzidas por saliências, comum em pessoas jovens e com pouca gordura, e que podem modificar-se durante o ciclo menstrual. E isso não é motivo para pânico.

A morte pelo câncer de mama poderia diminuir se houvesse mais informação e a detecção fosse melhor, segundo Maira Caleffi, mastologista de Porto Alegre, presidente da Femama. "Quando detectado o começo, o câncer de mama tem 95% de chance de cura. As pessoas sabem pouco, por isso têm tanto medo". Segundo Lucy Bonazzi, psicóloga e voluntária técnica do Imama, parte de tanto temor vem da palavra câncer, tida como sinonimo de dor, sofrimento e morte. Os tratamentos reforçam a idéia da "violência"da doença por causa da intensidade dos efeitos físicos e psíquicos sofridos pela mulher, principalmente se há mastectomia (extração da mama) e quimioterapia. Também é muito mais comum que as pessoas comentem muito mais casos que evoluíram para metástase e morte. "Mulheres com experiência bem-sucedida não costumam falar sobre isso porque é difícil reviver o passado. E muitas não confiam na cura e em seu corpo", afirma a psicóloga.

Quem crê no autoexame acima de todas as coisas muitas vezes adia a ida ao médico por não ter observado nenhuma anormalidade no corpo. Mas tumores em estágio inicial não costumam apresentar sintomas. Mais: eles só se tornam sensíveis ao toque numa fase posterior. "Apalpar um nódulo é muito mais difícil para alguém sem treinamento, e não podemos colocar na mão da mulher a responsabilidade de diagnosticar um câncer", diz Maira Caleffi. "Além disso, o autoexame não é suficiente. Ele não substitui a ida ao médico e os exames de rotina. Mas não podemos desestimulá-lo. O autoexame é importante para que a mulher aprenda a se conhecer e tome consciência de que o problema é real e precisa ser combatido". Além do mais, não é possível ignorar os casos de pessoas que conseguiram detectar um nódulo maligno por conta própria a tempo de tratá-lo. Mas, ao mesmo tempo, é preciso saber que isso é raro e que a luta contra uma lesão em fase inicial, ou seja, ainda imperceptível ao toque, é bem menos traumática.

A mamografia anual é fundamental dos 40 anos em diante, a não ser que haja fatores de risco genéticos, responsáveis por 10% dos casos. Numa família em que a mãe teve câncer de mama antes da menopausa, a filha deve intensificar a avaliação preventiva dez anos antes da idade em que a doença foi descoberta na mãe. A matemática é simples: se o tumor foi diagnosticado aos 35 anos na mãe, a filha inicia o controle aos 25 anos. Antes do 40 anos, recomendam-se consultas semestrais com o ginecologista. Mas a mamografia feita antes dos 40 anos não comprova a redução da mortalidade, isso porque a mama é muito densa antes dessa idade, o que dificulta visualizar nódulos.

As pacientes que já tiveram câncer de mama precisam de um acompanhamento por toda a vida, já que uma das características do tumor maligno é o risco de retorno. "Estudos mostram casos de recorrência até 15 anos após a remoção do tumor. Os exames de rotina, como a mamografia, serão sempre importantes", diz Julia Vieira, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

Na impossibilidade de barrar o surgimento de um câncer, o jeito é insistir nos cuidados com a saúde. Entre os fatores de risco estão o histórico familiar, obesidade, primeira menstruação antes dos 12 anos e menopausa após os 55 anos, sedentarismo, fumo, primeira gravidez tardia ou ausência de filhos. As probabilidades também aumentam com a idade."As mamas têm que ser examinadas por profissional desde que a menina começa a ter seios", diz Maira Caleffi.

Se você fez o autoexame e percebeu um nódulo, é hora de calma e prudência. "Só um em cada dez caroços detectados pelo médico, pela paciente ou pela imagem são malignos", afirma Maira Caleffi. Para confirmar se o achado é câncer, são necessários exames laboratoriais, como a biópsia de fragmento, procedimento que retira amostra da lesão. Detectada a doença, cabe ao especialista definir o tratamento. Mas fique esperta: percebendo algo diferente, como ardência, coceira ou fisgadas internas, além de feridinhas e secreção no mamilo, corra para o médico em busca de um diagnóstico. No mais, repita: só o autoexame não basta!