segunda-feira, 20 de abril de 2009

TIMIDEZ DA PERIQUITA - Mais vale um orgasmo encenado do que um fracasso justificado.


Achei essa reportagem muito interessante e vai a dica!!!
Revista VIP - maio 2002 - Sexo por Kika Salvi.



Mulheres fingem orgasmo. Graaaande novidade! Mas, ao contrário do que pregam as feministas (elas que me desculpem, mas o fingimento é às vezes o oposto da submissão), essa sofisticada simulação pode tranquilamente ser definida como um ato de nobreza. Ou de autopreservação, dependendo do caso.

Começo pela parte nobre da coisa.
Mulher é um bicho bobo, pouco dado a aventuras e intérpidas noitadas (pelo menos a maioria delas). Se não houver a máxima impressão de que aquela atração física pode se transformar num grande amor, o sexo não rola. Porque, por mais que uma mulher transborde de libido e impetuosidade, dificilmente ela consegue dissociar o sexo de entrega, aproximação e afetividade. Não que o afeto ou o interesse amoroso precedam a cópula, mas, exceto em casos de extrema privação ou parca lucidez, a concretização do tesão está condicionada ao nosso desejo de continuidade. E nem o mais delicioso, sedutor e bonitão dos gajos terá alguma chance de nos levar para cama se, além de promover secreções nas glândulas sexuais, não despertar aqueles neurônios adormecidos que se conectam com o músculo pulsante involuntário.

Se invariavelmente nutrimos algum carinho pelo cara que nos papa, não queremos desapontá-lo. E, ao contrário do que as performáticas na cama imaginam, o desapontamento masculino está muito mais ligado à ausência de nosso orgasmo do que à falta de chupetinhas ou acrobacias sexuais. Mexe com os brios de um cara saber que todo seu empenho (ou aquilo que ele acredita ser empenho) não resultou num trêmulo e descontrolado intumescimento do clitóris. Ainda que ele tenha transbordado de alegria liqüefeita. É ingenuidade supor que deixaremos nosso bem-amado (ou qualquer coisa que o valha) passar por tamanha frustação. Às vezes não depende dele e de todo seu esforço para que a gente grite "Aleluia, Senhor!", e seria muita crueldade responsabilizá-lo por uma dificuldade momentânea. Daí gemidos histéricos, gritinhos agudos e caretas frenéticas.

Às vezes a gente simplesmente não consegue gozar. Porque não estava muito a fim de transar mas embarcou num "seja o que Deus quiser", ou porque ficou imaginando se os espinhos que brotam nas canelas iriam pinicar as costas do bonitão, ou porque ficou torcendo para que o látex não falhasse justamente na perigosa noite de ovulações. Então trava! Mas, sejamos realistas, tem cara que parece não ter aprendido o bê-á-bá nesse quesito e saiu para a aula direção antes de estudar o manual. Aqueles que insistem exaustivamente no papai-e-mamãe são sérios candidatos a encarar uma bela dramaturgia feminina, e não há nada de nobre nessa façanha. Essa é a parte autopreservadora da história, quando resolvemos acabar logo com a tortura e arrebentamos as cordas vocais para evitar que outra coisa arrebente. Questão de sensatez, apenas isso.

Alguns devem estar bradando a necessidade de ser honesta e dizer para a parte envolvida quando o fuque-fuque não está agradando - e, quem sabe assim, poder melhorá-lo. Só que tem gente que não se conforma em presenciar um não-orgasmo e especula o motivo até nos levar às raias da loucura. É menos trabalhoso, sacal e desgastante dar a ele, senão certeza do sucesso, o benefício da dúvida (já que nem sempre tem talento para encenações). E tentar de novo mais tarde, sem que o mundo tenha ruído por causa da timidez de nossa periquita.